O audiovisual brasileiro está crescendo significativamente nos últimos anos. Estudo da Agência Nacional do Cinema (Ancine) indica que o valor gerado pelas atividades econômicas relacionadas ao setor passou de R$ 8,7 bilhões em 2007 para R$ 24, 5 bilhões em 2015.
O número de empresas e produções brasileiras vêm aumentando, assim como as exportações do segmento. A Apex-Brasil tem quatro projetos para promover internacionalmente o setor: o Cinema do Brasil, o Film Brasil (publicidade), o BPTV (produção independente para TV) e o Brasil Music Exchange (música). As exportações das 528 empresas que integram estas iniciativas somaram US$ 71,29 milhões no ano passado.
Em Bogotá, na Colômbia, onde está sendo realizada a segunda edição do Mercado de Indústrias Culturais do Sul (Micsul), a campanha #BeBrasil está promovendo uma ampla divulgação dos atributos criativos das empresas brasileiras. O Micsul é um dos maiores eventos voltados ao empreendedorismo em economia criativa da América do Sul e a participação brasileira no evento é organizada em parceria pela Apex-Brasil e pelo Ministério da Cultura.
Na capital colombiana, o Blog da Apex-Brasil conversou com Paulo Roberto Schmidt, da produtora Academia de Filmes, empresa que cria e produz filmes e documentários para cinema, séries para TV, filmes publicitários, branded content e conteúdo para internet. Confira a entrevista:
Para o setor audiovisual, qual a importância do mercado latino-americano?
O audiovisual brasileiro tem crescido exponencialmente desde a edição da lei 12.485, de 2011. Podemos ampliar nosso mercado ao atuar na América Latina, mas tem que ser uma via de duas mãos: temos que também oferecer conteúdo latino aqui dentro. E também precisamos produzir conteúdo que fale com este público, que é bem diferente do brasileiro. As coproduções com latinos nos possibilitam fazer isso e, a partir daí, viajar pela Europa e pelo mundo.
Como está a participação de sua produtora aqui no Micsul?
Tive boas reuniões com produtores da Argentina e da Venezuela e terei várias outras agendas até o fim do evento. Acredito que aqui no Micsul estão os protagonistas do setor do audiovisual na América do Sul.
O Brasil está no Micsul com a campanha Be Brasil, Be Creative. Como você percebe a criatividade brasileira no audiovisual?
A criatividade do Brasil é evidente: somos o terceiro país do mundo em premiações na área de publicidade, por exemplo, só perdendo para os Estados Unidos e para a Inglaterra. Somos de fato criativos, isso só não aflorava mais por falta de espaço. A partir do momento em que passamos a ter mais janelas para exibição e que passamos a gerar e captar mais recursos, você pode ver a quantidade de novos talentos que surgiram.
O que é preciso para potencializar o desenvolvimento do setor?
É incrível como você encontra boas ideias no audiovisual brasileiro, o que falta muitas vezes é o modelo de negócios mais adequado. E é aí que entra o apoio da Apex-Brasil, do Sebrae e do governo de maneira geral, ajudando essas empresas a se estruturarem.
Por fim, o que você trouxe para o Micsul?
Trouxe para cá alguns projetos para buscar coproduções em que vamos ser sócios majoritários, mas também estou atento ao lado contrário, ou seja, a coproduções em que entramos como minoritários. Um dos projetos é um documentário sobre os Andes, que pretendemos filmar desde a fronteira do Brasil com a Venezuela até a Patagônia, mostrando a cultura da população andina.
Outro projeto, também um documentário, se baseia em um estudo que catalogou 24 espécies de dinossauros que viveram no Brasil. É um tema pouco abordado e a ideia é fazer uma série, passando por outros países da América Latina.
Por fim, temos um projeto de um filme de ficção que vai contar a história da prisão do narcotraficante colombiano Abadia, em 2007, em São Paulo. Ele era o segundo homem mais procurado pela polícia internacional à época e havia ficado por três anos morando em SP comandando o tráfico da região.
O #BeBrasil é uma narrativa unificada, contínua e consistente para mostrar ao mundo um país criativo e determinado, que oferece entregas sustentáveis e de qualidade. O conceito do Be Brasil se desdobra em quatro atributos presentes nos produtos e serviços brasileiros: sustentabilidade, determinação, criatividade e inovação.
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