Quando completou 18 anos de advocacia, o advogado Kleber Komka (nome artístico) deu uma guinada na carreira e fez de uma paixão antiga, a música, a sua nova profissão. Assim, em 2008, surgiu o grupo Batuque Digital, com uma proposta que mistura samba e percussão no ritmo de hits nacionais e internacionais.
E foi agora no início de novembro, durante a CIIE – maior feira de importação do mundo realizada em Xangai, na China –, que o Batuque Digital fez suas primeiras apresentações internacionais. A reação do público chinês durante o período da feira foi uma grata surpresa para o grupo, que tocava três vezes ao dia no pavilhão institucional brasileiro. “Ficou nítido que realmente para eles era algo muito diferente e novo e eles interagiram bastante com o grupo. Isso é muito bacana”, conta Kleber, que comandou um grupo de 13 profissionais em Xangai.
Em conversa com o Blog da Apex-Brasil ainda na China, Kleber nos contou um pouco da história do Batuque Digital e do trabalho de promoção do mais icônico estilo musical brasileiro no exterior.
Confira como foi esse bate-papo:
Quando surgiu o Batuque Digital?
Criamos o Batuque Digital em 2008, no Rio de Janeiro, mais para a área de entretenimento particular: eventos particulares, casamentos, festas corporativas. Apesar de a grande maioria das apresentações dentro deste segmento serem no Rio de Janeiro, hoje a gente já viaja pelo Brasil.
Como você define o som do Batuque Digital?
Eu vejo o som do Batuque como uma forma de mostrar a força do samba. É um estilo capaz de se adaptar a qualquer outro gênero musical. É como se você estivesse numa festa, com o DJ tocando os hits mundiais normalmente, e de repente a gente entra em cena agregando o samba no som. Naquele momento a gente transforma qualquer outra música em samba. Os ritmistas e percursionistas entram, tocando em cima. Mas tudo é pré-ensaiado, não tem improviso. A gente chega a tocar música judaica, Beatles, hits do momento, grandes hits, anos 80, sucessos nacionais e internacionais. Ensaiamos e fazemos em cima disso.
Como é a formação da banda?
No começo, foram 12 integrantes tocando com um DJ. Logo em seguida, passamos a ter 13 pessoas, por conta da logística técnica de instrumentos e de harmonia para nós. Mas hoje o Batuque Digital já tem mais de 50 integrantes, que nos permitem formar até quatro equipes para cobrir a demanda de eventos que tivermos.
A sua formação é música?
Sou músico e também sou formado em direito. Advoguei por 18 anos. Mas o meu forte, o que sempre gostei de forma natural e espontânea, foi a música. O Direito foi importante na minha vida, mas no momento em que eu consegui atingir uma meta dentro do que eu pretendia profissionalmente, comecei a deixar o Direito de lado e me direcionar para a música.
De onde surgiu o nome Batuque Digital?
O nome do grupo é Batuque Digital desde o começo. O Digital é por conta da mistura (mash up) que fazemos no som, com o DJ. Então temos o ritmo de batuque com o elemento digital e o resultado é essa música universal.
Com o Batuque Digital trabalha com a ideia de promover o samba brasileiro no exterior? Quais os planos para o futuro próximo?
Eu acho que, desde a criação do Batuque, foram surgindo várias vertentes para a gente. Por exemplo: no Rio de Janeiro, ministramos em nossa sede oficinas de percussão. Entre os integrantes do grupo, eu tenho mais de 40 diretores ou mestres de bateria. Essas são as pessoas que fazem a base do carnaval realmente. É um trabalho extremamente profissional, com essa visão. E a gente está buscando levar isso para o exterior também: não é só o grupo pensando na parte musical, mas é a cultura do samba, uma entidade brasileira mesmo. É um outro formato, com uma outra visão do samba, que mescla músicas internacionais. Mas não deixa de ser o samba.
Depois de nossa estreia internacional aqui em Xangai, já temos praticamente certa uma turnê grande para a Argentina.
Como foi a reação do público estrangeiro aqui na China?
As apresentações que fizemos na China foram as primeiras que fizemos fora do Brasil. A reação do público local até certo ponto me surpreendeu, porque os chineses têm essa cultura mais fechada, mais reservada. Eles parecem ter um script de como vão agir. E a gente acaba quebrando um pouco esse paradigma externo com nossa espontaneidade. Fazemos aquilo que realmente estamos sentindo, uma alegria nata e espontânea. Então, eles acabam interagindo e se liberando um pouquinho naqueles momentos.
Saiba mais:
Comments