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#BeInnovative: o futuro está sentado na sua sala de estar

Há um ano e meio, o engenheiro de software Pedro Rocha percebeu que sua carreira seria chacoalhada de uma maneira não prevista, pelo que é chamado de 4ª Revolução Industrial. Ao participar de um curso sobre Estudos de Futuro (Futurismo), se deu conta que assuntos como Inteligência Artificial (AI), robótica, Internet das Coisas, Realidade Virtual/Aumentada/Mista, Biotecnologia e Nanotecnologia, todas vistas até pouco tempo como ficção-científica, já estavam batendo em sua porta.

“Vi que tudo isso já está amplamente disponível e pronto para ser usado”, diz. Foi essa revelação que o levou a tomar um outro rumo em sua vida. Passou a se dedicar ao Futurismo – não confunda como movimento artístico do início do século XX – e Inovação e mergulhou em instituições de renome como a Universidade Hebraica de Jerusalém antes de montar uma equipe de pesquisa e desenvolvimento de IA. O caráter inovador de tudo o que gira em torno de “inteligência artificial” conecta o tema ao Be Brasil, narrativa que promove um Brasil estratégico, criativo e sustentável como parceiro de negócios no exterior.

O Blog da Apex-Brasil aproveitou a passagem de Pedro Rocha pela sede da Agência para trocar uma palavra rápida e entender de que forma a IA e todas as tecnologias relacionadas a ela podem impactar em uma empresa, e como a humanidade tem que encarar a onda tecnológica que vai varrer o mundo. Confira!

Em que estágio o desenvolvimento da IA se encontra agora e onde ele pode chegar no futuro? A Inteligência Artificial é uma área que já se desenvolve há décadas. Nos últimos anos, deu grandes saltos graças ao forte avanço em áreas como o de coleta de dados e o desenvolvimento de supercomputadores e processadores mais potentes. Com isso, a cada dia surgem novos métodos e modelos de aplicação para IA. Pensando em mercado, hoje já temos inúmeras ferramentas baseadas em IA que nos ajudam a observar dados históricos, avaliar padrões, fazer previsões e oferecer suporte à decisão. Esse tipo de ferramenta já está sendo usado em áreas como a indústria, a saúde e a educação, só para citar algumas. Pensando em futuro, posso dizer que a IA caminha em três sentidos: a menor dependência de dados para "ensinar" a máquina, tornando-a mais próxima do que é uma criança, que aprende com o ambiente ao seu redor; a criação de uma IA que seja generalista, pois todas as IAs que existem hoje são muito específicas no que sabem fazer; e produzir uma IA que possua "consciência", que consiga agir de forma independente.

Uma tecnologia como a IA consegue então por si só transformar uma empresa e alavancar novos negócios? Nem de longe. Podemos dizer que IA é uma caixa de ferramentas. Sem um objetivo claro e um planejamento sobre quais ferramentas dessa caixa usar, a chance de produzir resultados grandiosos é pequena. Se uma empresa estiver pensando em usar IA, ela deve se perguntar: qual o objetivo com seu uso? Quais conjuntos de dados a empresa possui? A empresa é capaz de explorar esses dados? A empresa é capaz de dar suporte adequado para gerar valor dos dados? Mas, de qualquer forma, é melhor tentar e errar do que não olhar para o tema.

A IA já está presente em nosso dia a dia, em assistentes digitais, como os de comando de voz e a automação de atendimento ao cliente. Mas quando ela vai participar da elaboração de planos estratégicos? Esse é um ponto muito interessante. Podemos dizer que tecnicamente isso já é possível, mas estamos bem distantes dessa realidade. Para isso acontecer, precisamos ter uma sociedade com processos digitalizados adequadamente, com fluxos, métodos analíticos e sistemas preparados para o futuro. Sem uma mentalidade que considere o digital desde o ponto zero dos projetos, não chegaremos tão longe. Hoje, temos uma experiência interessante: o sistema Watson para Oncologia da IBM, que há anos está absorvendo conhecimento sobre sintomas, tratamentos, casos médicos antigos, tudo para aprender padrões e ajudar os médicos a avaliar novos casos de câncer. Trata-se de um sistema de suporte à decisão. Essa mesma abordagem pode ser usada por empresas para entender as informações sobre seus consumidores, clientes, mercados, tendências, e assim ter uma ferramenta que ajude na elaboração de planos estratégicos.

Com a IA automatizando tarefas que antes eram executadas pelos funcionários e até pelos gerentes, o que restará para o homem fazer em uma empresa? Olhando por esse lado, podemos dizer que o ser humano não precisava criar novas ferramentas, expandir seus horizontes, ir à Lua, entre tantos outros feitos. O receio da mudança nos leva a pensar nas ameaças imediatas à nossa zona de conforto. Mas, se superarmos esse receio, começaremos a olhar tudo que podemos criar, evoluir e inventar ao nos liberarmos dos trabalhos manuais, repetitivos e chatos que passarão a ser feitos pela IA. Tão logo percamos o medo da mudança, poderemos começar a pensar "E se eu passar a fazer uma coisa diferente com o tempo que a IA liberou?". A ferramenta do "E se…" é muito poderosa para pensarmos um futuro positivo e, a partir daí, caminharmos em direção a ele.

O medo relacionado à IA e às supostas teorias de revolução ou descontrole de máquinas tem razão de ser? O receio do desconhecido é algo positivo, pois nos faz pensar sobre quais caminhos realmente queremos seguir. Antes, porém, é preciso entender a forma como a IA busca otimizar tarefas. Os humanos estão criando IAs esperando que a máquina pense como os humanos, mas o que tem acontecido é que muitas vezes ela otimiza certas situações, fazendo diferente do esperado, porém totalmente de acordo com os objetivos traçados para ela. Esse é o ponto crucial: a IA faz o que lhe é pedido. Às vezes, descobre uma forma muito melhor de fazer do que nós humanos conhecemos, aí dizemos que ela "saiu do controle". O ponto é que esse “descontrole” pode, por exemplo, levar à cura de uma doença ao encontrar padrões que nós não somos capazes de identificar. De qualquer forma, o mais importante é o debate sobre essa questão ter início agora, no começo.

Se uma tecnologia habilita novas áreas de negócios, quais seriam essas áreas no caso da IA? A área de IA se baseia muito na existência de dados coletados e bem organizados, assim como uma boa compreensão de como usá-los. Dessa forma, o surgimento de empresas que sejam capazes de organizar dados, entender das áreas de negócios e montar modelos estatísticos para criar uma IA específica será um mercado muito valioso. Além disso, tem todo um processo de digitalização que as empresas terão que passar para lidarem com o IA. Esse trabalho já é feito por várias companhias que já atuam hoje no mercado e que podem se beneficiar dessas transformações.

O que você diria para o empresário que está lendo essa matéria e está achando que tudo não passa de ficção científica? Eu diria para começar a ser mover em direção ao que o universo digital já nos apresenta, mesmo que devagar. O momento agora é de, no mínimo, experimentar, estudar, conhecer o que está por vir, para, quem sabe, nos próximos meses ou em poucos anos, já ter uma estratégia mais clara e poder caminhar nesse novo mundo. Ignorar as mudanças, ficar parado e fingir que nada está acontecendo é garantia de muitas dificuldades em um horizonte de cinco anos. Essa mudança, onde muitas tecnologias estão se combinando, em um movimento chamado de "Exponencialidade", já está mostrando resultados hoje. O que o senso comum nos apresentava como algo a acontecer em décadas, está aqui, agora, com muito mais novidades chegando em poucos anos.

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