Técnico de campo Henrique Melo e o produtor José Tavares, de Ouro Preto do Oeste – RO
Ascom SENAR-RO
Prestes a completar dois anos, a Assistência Técnica e Gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Rondônia (ATeG/SENAR-RO) comemora os resultados alcançados na pecuária leiteira. Em novembro de 2018, quando o programa estava implementado há apenas quatro meses, os 93 atendimentos registraram uma produção de 349.405 l/mês. Um ano depois, no mesmo período, o volume passou para 1.865.757 l/mês, isto associado a entrada de mais produtores ao programa. Atualmente são 681 propriedades atendidas pelos 22 técnicos de campo, sendo eles veterinários, zootecnistas, agrônomos e técnicos agropecuários. Juntas, essas propriedades atingiram um crescimento médio de 19%, segundo balanço apresentado no Encontro Anual 2020, realizado entre os dias 27 e 31 de janeiro, em Ji Paraná/RO.
O mérito é de toda a equipe da ATeG SENAR-RO e, principalmente, dos produtores que, não apenas recebem os técnicos de campo uma vez por mês, como também colocam em prática as recomendações sugeridas. Sob orientação técnica, a ação que mais gerou resultado para os produtores foi a adoção da segunda ordenha. Ao todo, 130 produtores entenderam a importância deste segundo turno, medida simples que aumenta a produtividade de 25% a 35%, se aplicado o manejo nutricional correto.
O sítio da família do Lamarka Viana fica em São Felipe do Oeste (RO). Ele foi um dos que adotou a segunda ordenha. “A partir do momento que entramos para a ATeG, o técnico, entre outras medidas, nos orientou a fazer a segunda ordenha. Do segundo para o terceiro mês nós já começamos a ordenhar na parte da tarde e o crescimento foi de mais de 20%”, conta Lamarka. A propriedade faz parte do programa desde março de 2019.
Essa ação simples e eficaz também traz resultados ao bem estar animal. “O ubere cheio pesa e faz com que o animal sinta desconforto, além de aumentar a incidência de mastite”, explica Sandro Freitas, técnico de campo de Ariquemes. “Tem também a questão fisiológica. Com o ubere cheio, o próprio organismo entende que não precisa mais produzir leite. Ou seja, a segunda ordenha é uma forma de diminuir a incidência de mastite e de estimular a produção de leite”, completa o técnico.
De acordo com o supervisor da ATeG Leite – região sul do estado, Joemerson Teixeira, o trabalho de conscientização dos produtores é um ponto de partida fundamental para as mudanças gradativas necessárias à atividade na região. “Com o acompanhamento gerencial e a conscientização dos custos de produção e da análise econômica da propriedade, o produtor já está consciente de que melhorias nos manejos e também na genética do rebanho, associado a adoção de tecnologias e a gestão dos custos, é o caminho para o desenvolvimento econômico do sistema de produção”, diz o zootecnista.
Custo operacional efetivo de 37,5%
Como a Assistência Técnica e Gerencial do SENAR possui ênfase no gerenciamento, os produtores devem estar em dia com as anotações. Para isso, eles têm um caderno específico com o lugar certo para anotar cada dado técnico e econômico da propriedade. Somente a partir das anotações foi possível chegar ao custo operacional efetivo das propriedades nestes 18 meses de ATeG. O peso foi de 37,5% na renda bruta do produtor. Segundo o supervisor da região norte, o aspecto mais importante deste dado é uma maior eficiência no uso dos bens de produção. “Um efeito comum de ser observado é um aumento percentual dos custos associados a uma margem bruta total maior ao final das ações da ATeG. Hoje, se o produtor da ATeG/RO vender 100 litros a 1 real, ele terá livre R$1901.00/mês, ao passo que se ele intensificar a produção para 200 litros/dia aumentando os custos percentuais para 60%, ele terá uma margem bruta de R$2.433,28”, explica Wagner Machado, supervisor da ATeG Leite – região norte do estado.
A toda visita, o técnico de campo lança as informações da propriedade no SISATEG – sistema de gerenciamento de dados desenvolvido pelo SENAR que fornece os indicadores. Com os dados ao alcance das mãos é possível visualizar receitas, despesas, lucros e, principalmente, decidir onde investir para crescer na atividade. “A proposta é mostrar ao produtor que a propriedade não é apenas um meio de subsistência da família, é construir com ele esse olhar empreendedor sobre o negócio rural”, ressalta Juvenildo Juvino, coordenador do Programa ATeG em Rondônia.
A expectativa é de que a ATeG dê forte contribuição ao crescimento da produção de leite no estado. “Hoje o estado tem uma produção estimada em 2,2 milhões de litros. Se realmente houver uma assistência técnica especializada, tanto na parte de manejo quanto na gestão e um trabalho em cima do melhoramento genético do rebanho, essa mesma quantidade pode dobrar para 4 milhões litros dia. Isso é o que se espera”, diz Hélio Dias, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Rondônia.
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