Por Amanda Vitória
Compras por impulso, gastos acima das possibilidades, aquisições sem necessidade, irritação com a impossibilidade de compra, algumas dessas sensações são familiares? Se sim, fique atento e reflita sobre até que ponto esses comportamentos são normais.
O consumo compulsivo, também chamado de Oniomania, é um transtorno causado pela ansiedade desencadeada pela necessidade de compra, saciada apenas quando a aquisição do produto acontece.
Allyne Fonseca, 30 anos, pedagoga, em entrevista, relatou que começou a comprar sapatos e bolsas compulsivamente aos seus 20 anos de idade. “Comprar é um prazer. Se eu estivesse alegre, comprava. Se estivesse triste, comprava. Quando eu comprava me sentia aliviada no momento, mas depois ficava triste e não usava os sapatos”. Ela comentou sobre como se sente em relação ao consumismo: “Esse consumismo é como uma droga, pode se dizer assim. Porque você tem vontade de comprar nem que seja uma bala, mas tem que comprar. No primeiro momento é bom comprar, mas eu guardava tudo escondido da minha mãe, e quando ela via, ficava brava e magoada comigo”.
De acordo com a psicóloga Ester Miriã Braga Sales Lucas, formada pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), a maioria das pessoas já fez compras por impulso em algum momento da vida. Sobre a motivação para comprar, ela comentou: “Uma promoção aqui, uma propaganda ali…. os meios de comunicação e mídias sociais são os principais responsáveis por aquela sensação de “eu quero isso!”. Em certos padrões de comportamentos socialmente valorizados, o ato de ostentar é associado a bem-estar, qualidade de vida e felicidade”.
De acordo com a psicóloga, se alguma pessoa apresentar algumas das características mencionadas a seguir, é preciso refletir e procurar ajuda. São elas:
– Ter pensamentos persistentes sobre compras;
– Adquirir produtos sem utilidade ou necessidade;
– Sentir-se irritado, ansioso ou mesmo triste quando não pode comprar;
– Procurar sempre justificativas para a aquisição do objeto desejado;
– Prazer imenso ao comprar;
– Sentir-se bem somente quando está envolvido em compras (vendendo, comprando ou simplesmente acompanhando);
– Dificuldade em ponderar e resistir ao impulso de comprar;
– Arrependimento posterior, mas sem motivação para mudar.
“Cabe frisar que, mesmo que você não seja um comprador compulsivo, é importante estar consciente das consequências de seus atos. Comprar simplesmente por comprar, pode gerar não só prejuízos ao nível individual, como também em aspecto social e ambiental. Conhecer os processos de produção, entender a dinâmica do capitalismo e sua relação com nosso estilo de vida é fundamental para que tenhamos uma visão mais integrada sobre o mundo e nós mesmos”, complementou Ester.
Talvez você tenha um parente próximo, amigo ou conhecido que compre em excesso. Nesses casos é muito importante o apoio da família, amigos, ou ainda, de ajuda profissional. A nossa entrevistada, Allyne, buscou a intervenção de uma terapeuta, porque abandonar a compulsão por compras não ocorre imediatamente, é um processo que exige muito empenho e paciência.
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